sexta-feira, 13 de outubro de 2006

]da gaveta de guardados 6 (200?)

O HOMEM PARTIDO AO MEIO

Vinha extenuado, tinha fumado um baseado com os colegas do novo trampo e a larica batia forte. Parou no boteco de costume: uma coxinha, uma latinha, um cafezinho de coador (que o de máquina era intragável).
No bar os fregueses de sempre, o velho espanhol que vez ou outra aparecia, gente fina, gostava de filosofar com ele: vida interior, solicitações externas, a grana sempre curta. Uns papos cabeças de feng-shui, o caminho do coração, maneiro.
Despediram-se, era tarde, resolver tomar um busão. No ônibus não conseguia evitar o guri ao lado da porta traseira, duvidava agora de sua própria masculinidade; não, o cara tinha cara de mulher, brinco de argola na orelha, era por isso...
A viagem foi rápida, em pouco tempo estava puxando a cordinha, tentava disfarçar o incômodo e o sinal acendia mais laranja do que nunca.
Ansioso saltou do ônibus ainda em movimento e partiu-se na quina do poste azul do ponto, tingindo a noite de vermelho.

Um comentário:

Anônimo disse...

da gaveta para o poste?