virado

comigo não tem cartaz:
catorze não é catarse!

incomunicabilidade de gêneros

tanta pressa, sem conversa.

cadê você?

lá embaixo… só pode ser despacho!

riso

além de feliz é falso.

janela para o mar

Num balé helicoidal plainam
Dois garbosos e festivos urubus

Moto-contínuo neutro
Atravessam a tarde cinzenta

Quanta, encontro, enquanto
Prenúncio de natal incomum

No espelho cravejado de semínimas
Vês: é véspera, vesperal, música nova

vertente

dois dias seguidos
causam-me pruridos

móvel

já não se incomoda
com a ausência da cômoda

e já não se comove...

A40

Menos isto, mais aquilo!

propensão

penso por aquilo que penso

destempero

sem sal,
mas na coluna social...

saxofone

navega na verga
já não se importa
com os cabelos
(ausentes)
com a pança
(pelos)

nem comigo

vesga
ar

correspondência

para Monika

Desde o Ribeirão do Meio, no encontro do Tâmisa com o Tietê

Um postal como que aponta: a vida continua após a morte… 
Raiz, ruir, Ruiz
Pralém mar, amar é terno (entre gerações)

No dia em que a velha não veio

Um grupo de gente feia irrompe no caminho matutino, avenida São Luís. Vaga ziguezagueando, esbarrando nos transeuntes costumazes.
É quando uma moça pergunta, desinteressada:
- Qual o nome da biblioteca mesmo?
Ao que responde categórico o líder, sacando anotação do bolso:
- Biblioteca Marcos de Andrade!
Eu sou trezentos... E São Paulo, definitivamente, não é lugar para turistas.

social

SUS, tenta! não sustenta...

calangos no muro

hoje, no rosal de vovó.

fila ( na padaria)

pandemônio, indigestão: não sei que diga que amassou!

olvido (no armazém)

algoritmos, algo rítmicos...

MP3: dando voz aos comprimidos!

créditos para o celular (na drogaria)

doenças,
tão grande a demanda...
a fila da farmácia
não anda!

parada da fadiga (na bomboneria)

almoço com poucos mangos,
fandangos...
acompanha tampico,
seu estômago penico!

retorno

rata rôta arrota
referência
a rota, errática!

A39

Quem cala, concentra.

A38

Pasmem bípedes: equilíbrio é múltiplo de três.

tempo presente

de tanta pressa tudo atrasa.

alheia

às vezes me pergunto

às vezes não

às vezes reveses

cortiça

põe o macho, tira o macho, nessa altura já é cacho!

rinoplastia

quando pisca acende a cova.

bifurcação teleológica

Dio, come ti amo; dicotomia!

égua

Só Édipo pra trotar assim na Jocasta.

cruz

pasto, pronto: passo ponto.

entranhas

amor de merda: das tripas, coração.

ex-xifópaga

foi siamesa, agora é gente descolada.

palatino

a buzina e a casquinha, do sorvete moreninha.

cela

matusquela, no cubo sem janela.

perfume

anotem aí: é narguilé na guilhotina!

salamandra

pois que arda,
e haja ardil

várzeas

Capivara ou tamanduá, nada sobrevive:  seja aqui, no Tamanduateí ou deus me livre, no Capibaribe.

pus

deve ter sido a bebida
ferida não me seduz.

o medo da liberdade

na farmácia de manipulação contemporânea
a luta é entre os comprimidos e os compressores.

advogada em causa própria

sem essa de sutis melodias: com você vai ter barulho!

sessão da tarde

de verdade? nem meia
furada. que filme?
cinema? não, em casa.

facial

ao ejacular tome cuidado para não engravidar a menina dos olhos.

sob nova direção

comunicação: vai mal!
tom paroquial em evento oficial...
quem compra cura dor?

cremação

Quem à lapide tripudia deve sorrir ao calor das labaredas!

windows

faz tempo: éramos nós que pulávamos, não as janelas.

premonição

não sei de tanta desimportância é como se eu já soubesse, sem nem menos perguntar.

aparte à parte

patifaria por ti faria.

A37

Não seria o cúmulo o silêncio do túmulo?

A36

Lapidar é para poucos, lápide para todos.

dor

é grave: sempre aguda.

tudo bem?

não pude respirar, devia ter lhe dado um beijo, foi só um sonho.

(considerar cenário: repartição paulistana, paisagem carioca, aglomeração de primeiro de maio)

depilação terrorista

morro de burca
no
Morro da Urca

brincadeira, 2

se corre no pelo dor
o corredor é polonês.

A35

Uma coisa e certa: as outras são erradas!

ausência

Natália no curso de coaching.

miríade

de falsas
questões
de ordem
perdi
a linha,
raciocina!

banca

procurando nova posição no mercado,
enfiou o pé na jaca.

verde

com sumo não presta o suco.

bolas

na hora h, ora...

sopa

não sou poeta mas faço dieta.

regime

face alface
moço, almoço

A34

se não custa tentar, melhor não tentar!

inclassificáveis

da série: é sério?

c.i.e.

tua boca carnuda
e a mordida incisiva
de ocultar molares

comandante

o papa é pop, mas o chávez é mais!

à capela

conclave é quando a sistina sinistra.

através

o xale não era verde, a mulher você: mãos, boca, cabelo.
mais uma vez entendi que seria, é terna, amor, a morte.

c.s.e.

que fique o cumprimento não dado, beijado, do lado: cicatriz.

acordo ortográfico

linguiça, não trema!

costelas de Eva

que ossos, pensei: seios saborosos!

vassoura

quando diz persa, empurra a sujeira pra baixo...

amara lágrima

indelével: mancha russa no encarnado lenço.

quinta

e depois das cinzas, comemorar o quê?

compostagem

no trono: entre postagens antigas e necessidades prementes.

nicotina

dois palitos: dente e fósforo.

falange

sei não, esse seu anel no dedão...

papa

quaresma é tempo de tempurá.

plataforma bovina

balança-tronco com cursor de tara: escrevo por precisão.

aceitação

rugas unhas rusgas

giraça ornitorrinco

pelagem longa e sedosa

focinho perfeito

nada pavona

corpo longo e esguio

de comedida plumagem

(nem dentes nem pés)

caracteres

escrevo pouco e sem twitter, é só o que tenho a dizer.

golpe

rude e briaco foi ludibriado.

mistérios gozosos

tua filha e tu a filha, as outras duas.

conselho ao pai

caia fora ou vaia forra

açougue parnasiano

maminha, língua acém.

virtudes

um monte de feitos sem defeitos