quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

zebrata

Sorvete de nata. Xarope de chocolate.
Decoração: chantilly, raspa de chocolate em barra ou chocolate granulado.

desaconselho

Até porque só ouve aquilo que está preparado para ouvir.

incandeia

Nada melhor do que a euforia repentina para uma sombra que sofre.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

eleições diretas, já!



tanto mar

revolto horizonte espelhado

herança mal dita

Àquela época, o atlas era histórico, geográfico e cívico.

27

Um dia para quatro luas, número que me acompanha desde sempre.

nuvem

E então fez grande sombra, engolindo a todos os transeuntes.

vaga

Por alguma beleza desmesurada tornara-se mudo ali. Queria passear.

embarque imediato

Pouquíssimo tempo: insuficiente para mais despedidas.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

sob o sol

Foi diminuindo, diminuindo até virar mini. Daí matou o gigante!

(in)condicional

A situação tinha lá sua graça: esconder o que ele já sabia por pura insegurança, ou falso carinho. Além disso, ela tinha um inimigo mal informado, preocupado em comentar; ele não. Observava de longe, sem querer mesmo ver a ruína dela. O que não entendia era aquela vontade dele de que fosse feliz, mesmo no silêncio: para isso era necessário uma entrega que ela não aprendera. Senão, aquele novo calendário não durava um mês. Sentia sua ausência, a do outro; aquela festa devia também comemorar a novidade. Mas não havia mais o que descobrir, a não ser ela própria muito velha. Seu olhar difuso reclamava por algo que já não lhe pertencia nem nunca. Queria fugir em breve pro onde ninguém, talvez morrer.

granito

coração e água

lentes

O olhar que sustenta a paisagem não é seu. Será o olho que vê?

Férias na tristeza

“De tantas flôres crioulas – as marrequinhas encarnadas da corticeira, as pencas amarelas da maria-mole ondulando no campo, os bibis que respingam em qualquer encosta verde o seu primeiro roxo mais vistoso, o espinilho dourando ao sol, o biri do banhado e a flor azul do tarumã – escolho sem hesitação a menos florida, a menos flor de tôdas; esta felpinha cheirosa do maricá de beira de estrada ou do pasto alagadiço, que me fala de umas férias sentimentais na Tristeza daquele tempo, quando começava a descobrir a poesia amorosa das cousas, recordação para sempre associada ao aroma. E êste perfume tão fino, tão discreto (quase a sombra de um perfume), não podia deixar de ser assim mesmo: a alma daquela penugem da flor que logo murcha, uma evanescência cheirosa, muito mais imaginada que sentida – leve pungir de saudade mal aflorando na lembrança...”

Augusto Meyer, No tempo da flor

domingo, 25 de fevereiro de 2007

(da série poesia na rua, 17

17:55/25.fev.07 - sétimo páreo, hipódromo paulistano)

FUROSEMIDA: DAMA DA ARTE. FERRAGEAMENTO: Lais de Guia, Marbella Star e Dama da Arte desferradas (ou como as demais: alumínio ou alumínio e filetes). OCORRÊNCIAS C. jARDIM: Descoronhada, I. Santana: declarou que nos 800 metros sua pilotada correu para dentro contra seus esforços; Xhow de Xhakira, OCC: Chamado atenção na partida por indocilidade; Lais de Guia, Ocorrência da veterinária: Apresentou hemorragia pulmonar (grau 3); Alta Madrugada, Ocorrência da veterinária: Apresentou hemorragia pulmonar (grau 2). OBSERVAÇÃO: Marbella Star correrá com antolhos e com a língua amarrada; Lais de Guia, Neverland, Descoronhada e Alta Madrugada correrão com a língua amarrada.

fissuras do capital


o labirinto do fauno

drible, o vestido da mary poppins, espanha, a festa dos militantes, o quarto dia seguido, abuelita em madri, a mulher negra, o orkut, a menina que enxuga os olhos do menino, meus olhos serenando, músicas, o pedaço da pizza, a irmã de meu amigo, o minotauro matutino, minha amiga, a casa, a tela do celular, o amanhã inventado, a menina, o sapo, a chave, o punhal, o giz, a escada em espiral (algum portal se abriu hoje, depois de tanto encantamento)...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

faroeste caboclo

Tinha broche de xerife?
Cinturão de balas e coldres?
Um par de revólveres de espoleta?
Ao menos uma carruagem em miniatura?

No vestíbulo, o cheiro de serragem vindo lá do galpão...

campanha inapropriada

Chega de drama: tortura nunca mais!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

quase metagrama: elogio ao amor

Reminiscência: encontro num caderno velho a origem do nome deste sítio de suposta meditação sobre as essências. Regurgitar idéias, remastigá-las em oitava superior.
Daí que o amor só faz sentido quando já não mais; ou a história só começa quando acaba. Isso tudo em Godard:
"Não existe resistência sem memória e sem universalismo".
"Cada pensamento como a ruína de um sorriso".

(postagem comemorativa de cinco meses do blog)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

domingo, 18 de fevereiro de 2007

sem tino

sentido intestino destino

confetes ausentes

ele queria nadar
no corpo dela
tirar aquele
vestido de bolinhas
e mergulhar
imenso, hoje.
ou vê-la
caminhando em saltos
de novo
sapato de bolinhas
beijar macio, hoje
seus pés fatigados.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

rapaziada


bamba

A moça atrás do balcão combinou encontro com o centroavante: "venha banhado após o treino, espere no portão, vamos ao cinema".
Ele chegou ao terreiro para ter com a moça, ela regateou: "vou não, é que estou incomodada". "Mas por quê?"

O centroavante aos dezoito não sabia o que era menstruação.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

quase entre aspas

ela outra dele outro] Ontem à noite o carequinha roubou o meu papá.
ele outro dela] Temos que cortar a tira do sapatinho de freira.
ele dela] Quase que por completo: a boca, o gesto.
ela] Acho importante: eu morei no Acre.

vigília

É como se ninguém precisasse de mim e eu de todos vocês.

insônia

Hoje me bastaria a clareza dos motivos. Ou as palavras certas.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

] da gaveta de guardados 8 (2002)

PREFÁCIOS (para livro de poemas)

eu) 20x02. dois mil e(m) dois

sábado, cachaceira entre amigos. convite aceito de bate-pronto: naquele dia mesmo trocávamos de gaveta: 10 anos d'escritos dum por 10 anos miscelânea doutro. sincronicidade da poesia em tempo mesmo destes beira-corgos metropolitanos./ não tardou a edição do vice-versa, exercício d'alteridade. projeto encorpando deu no vinte: 2002 capicua danada! celebração duma amizade vintona./ o que segue é o preto no branco, poesia ora hesitante - mar, ora exitante - cio, sempre humana. do homem - márcio? um elurófilo como tantos escritores. referindo a frase d'outrem: "não há afastamento entre nós que permita vão maior reclamado pelo abraço". deixo ao ledor seu juízo...

ele) 02x20. poesia a quatro mãos

"dois e dois outrora - e ele veria o quanto poderíamos ser crianças e então colocaríamos nossas traquinagens em favor da máquina do mundo.

dois e dois enquanto - estávamos embebidos de hospitalidade. guto trocava discos, servia a pinga, mariana sorria, com letícia na barriga. eras o mestre-de-obras, eu o pedreiro. tínhamos consciência do valor da argamassa.

dois e dois doravante - coloco o copo sobre a mesa. quase choro quando. alessandra me dá respaldo com seu olhar. como me acalora. falo coisas que não digo. só quando estou aqui, com meus amigos".

genético



diferencial da casa

*
AGRADECEMOS A PREFERÊNCIA
*
VOLTE SEMPRE
*

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

1984


resistiré


"cuando pierda todas las partidas
cuando duerma con la soledad
cuando se me cierren las salidas
y la noche no me deje en paz.

cuando sienta miedo del silencio
cuando cueste mantenerse en pié
cuando se rebelen los recuerdos
y me pongan contra la pared.

resistiré, erguido frente a todo
me volveré de hierro para endurecer la piel
y aunque los vientos soplen fuerte
soy como el junco que se dobla
pero siempre sigue en pié.

resistiré para seguir viviendo
soportaré los golpes y jamás me rendiré
y aunque los sueños se me rompan en pedazos
resistiré, resistiré...

cuando el mundo pierda toda magia
cuando mi enemigo sea yo
cuando me apuñale la nostalgia
y no reconozca ni mi voz.

cuando me amenace la locura
cuando en mi moneda salga cruz
cuando el diablo pase la factura
o si alguna vez me faltas tu.


resistiré, erguido frente a todo
me volveré de hierro para endurecer la piel
y aunque los vientos soplen fuerte
soy como el junco que se dobla
pero siempre sigue en pié.

resistiré para seguir viviendo
soportaré los golpes y jamás me rendiré
y aunque los sueños se me rompan en pedazos

resistiré, resistiré"...

M. de la Calva, C. Toro

ansiedade

Exercício é não sofrer de véspera.

nostalgia

a cama virou mar antes do sono, na leitura das cartas velhas...

samba

"em simples batucada senti uma paixão nascer"...

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

pecados íntimos, -2

se necessário, o inquestionável violino.
as sincronicidades de volta, no sempre.

pecados íntimos, 3

não sei se é a pulga ou se é a culpa!

pecados íntimos, 2

imita a vida ou é imitada?
na consciência do limite:
o caminho é sem volta...

pecados íntimos, 1

no entra e sai o passado espreita o presente.
o futuro não entra nas mesmas salas que eu.

pecados íntimos, 0

cabelos lisos em ponta, ombros.

pecados íntimos, -1

olhos saltando em livro.
seios saltando em vestido.

pecados íntimos

seu pé de vermelho nas juntas.

(da série poesia na rua, 16

22:22/11.fev.07 - poetas em Viena, em frente à vitrine de doces)

oito, nozes fora e não sobra neves!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Na Praça da Matriz

"Vejo a Praça da Matriz, em Pôrto Alegre, desandar para as feições que ainda mostrava aos meus olhos de menino e môço. Mas é claro que estas praças vão mudando, enquanto a gente mudou. Nesse jôgo vertiginoso, mudam as cousas por dentro e por fora, e, ao passo que as paisagens lentamente se desmancham, recompostas noutra forma, também o espectador vai trocando de alma e de pele, apesar de conservar o mesmo nome, confiado nas certidões do registro civil. O eu da gente é um inquilino que se imagina dono de si mesmo, proprietário do nariz, e dentro dele moram não sei quantos locatários irresponsáveis, que acabam estragando a casa. De vez em quando, ao cair do último andar do seu devaneio, o dono de si mesmo descobre que foi logrado, vagamente se dá conta de um embuste... 'Muda, muda, que eu também já mudei", dizem-lhe as casas, as ruas, as posturas municipais. E de mudanças vamos vivendo, enquanto não vem a hora da grande mudança".
.
Augusto Meyer, No tempo da flor

001.2


indelével

a pior parte: o destempero
esfria, arde, esquenta, gela
barriga nas costas, repuxão
um comentário breve, ali ó!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

crossover

extra light: freios shimano, canote torto, banco concorde, manoplas alaska e adesivos kuwahara.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

finura

Comadre veio trazer a bandeja de volta. Pediu pra não botar reparo no craquelê da torta.

chegou, chegou, chegou

(de pedro rafael)

do ir e vir

Depois que os filhos da puta gradearam parques, praças, entradas de metrô e o escambal acharam por bem, na lógica do carro, cercar as calçadas: martelete na mão, alguém entrando bem pelo ferro. Quatro detectores de metal, muitas catracas, piiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Negro de mochila passa não.

(da série poesia na rua, 15

21:56/01.fev.07 - poetas em trânsito)

nunca sabe, o que esperar da city?

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

(da série poesia na rua, 14

21:12/31.jan.07 - encontro de Dr. Pedro Nóia e José Limoeiro, chope na praia)

Seu Zé pro doutor:
- Cê descobriu a chave da coisa: pinto é bate-estaca, buceta é poesia.