o trânsito de trens no metrô tá tranqüilo
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
domingo, 16 de dezembro de 2007
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
presente
sono/chuva/padaria/viagem/galpão/lama/desenho/revista/entrada/cidade/avião/rosal/mina/polícia/trânsito/almoço/compra/encontro/recado/noite/esquecimento/festa/sexo/sono
dintenso, como convinha.
dintenso, como convinha.
domingo, 9 de dezembro de 2007
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
domingo, 18 de novembro de 2007
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
desditado
Desde aquela última espera as esperas todas eram difíceis. E não sabendo mesmo o que esperar, tinha esperança. Não alcançou foi nada.
jogo
Mãos, não me deixam dormir. Algum incômodo, uma chuva fina que nem é suficiente. A falta. Uma procura talvez. Uma viagem interrompida, frase por dizer. E a manhã de amanhã.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
navegador
Trazia uma faca nas mãos, fosse capaz de tudo aquilo. No mais pedras coloridas, que reinventavam um mar longínquo. Estrelas, a ver.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
ringstraße
às margens do danúbio, há exato um ano:
café?
folia de reis, freud explica (ou a wikipédia).
...
ps. sincrônico: hoje com kriska.
café?
folia de reis, freud explica (ou a wikipédia).
...
ps. sincrônico: hoje com kriska.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
reserva pra seis
Tudo de um puteiro, menos as putas. E não é que uma das cadelas se ausentou da mesa? Trama tecida, mesa posta, teclado santificado, cavalo sanitário, mandioca frita e frango a passarinho. Incensadas testemunhas. Viver é mesmo um RISCO.
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
aquele
Tudo se encaixa, pensava em tempo segundo eterno de novo encontro inesperado. Jamais trocaram além de olhares. Nunca soube o nome dele. Tinha certeza de terem sido feitos um para o outro.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
censura livre
Experimentou brisa na face pela primeira vez. Sal e areia. E sobretudo a sensação da máscara prestes a cair.
o rapto
Aquelas letras se embaralhavam todas sem proveito. Teriam sido ditas sem pensar, teria sido truque ou língua presa, teria sido presa, foi. E agora quaisqueres outras palavras formadas por ela não teriam sabor; ou pior trariam consigo o fel de invenções descabidas e nenhuma esperança de calmaria. Certo era que dali nada podia recomeçar.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
velório
Ela implorava pra ele, expandindo e contraindo o ventre:
- Dança comigo?
Ele assim seco:
- Eu não sei dançar.
Ela saiu triste, jamais ninguém havia dito não.
Nunca mais se viram antes daquele dia. Ela chorou muito.
- Dança comigo?
Ele assim seco:
- Eu não sei dançar.
Ela saiu triste, jamais ninguém havia dito não.
Nunca mais se viram antes daquele dia. Ela chorou muito.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
desvencilhar de memória
Sensato era não correr os olhos pelas estantes do sebo: Em busca do tempo perdido.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
chiclete
Mentira tinha sabor de menta. Canela de canela mesmo (cor assim marrom arroxeada, hematoma em pele alva). Seios tutifruti, hálito hortelã. Nenhum sabor destes novos.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
terça-feira, 2 de outubro de 2007
equação de primavera
É outro o nome daquilo, outro o ser, outro.
Florada imensa pra condição adversa.
Verdade é que foram dias intensos.
É que em diante permanecerão mesmos [sic.] outros, c. q. d.
Florada imensa pra condição adversa.
Verdade é que foram dias intensos.
É que em diante permanecerão mesmos [sic.] outros, c. q. d.
capins:
amiga histérica,
após calipso,
cavalo de tróia,
clã,
devir,
fetiche,
foi anita,
frente-verso,
lar doce lar,
mantena,
ou isto ou aquilo,
pedacinho de pão,
risco,
rosa,
sobreviventes,
última hora
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
domingo, 16 de setembro de 2007
terça-feira, 11 de setembro de 2007
prato feito, 2
Quem fez a mistura foi o Sérgio, tantos anos depois. Notícias da família. E a gente se pergunta dos desígnios. O Gomes sabe disso, religiosamente. Hoje acenderei uma vela.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
terça-feira, 28 de agosto de 2007
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
terça-feira, 21 de agosto de 2007
adúltera
Fingia dormir no colo dela só pra sentir aquele cheiro bom. Ela deixava o nariz dele entrar, a mão por debaixo. Eu sei é que no final eles se devoraram por sobre a bancada de inox da sala ao lado, com a água pingando da torneira e escorrendo pelas coxas. O olhar vigilante dela, a porta entreaberta para o flagra, seu cu em flor quase buceta lubrificada. Juravam ambos, não valerem o que cagavam, conforme o aforismo daquele poeta, Dr. Ângelo Monaqueu.
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
cegueira
Numa segunda qualquer que não começou, um agudo som trincou a caverna, perturbando-lhe o sono da semana, que não ouve.
lona
Alguma potência naquele soco retido no ar, propagada em ondas que o atingirão mais cedo ou mais tarde. Só não me pergunte porque.
acústica
Amanheceu loira, ainda mais conforme a atriz do filme matutino. Mas continuava longe do country dela apesar de na roça. Eletrônica sua música, a musa dele, dj. Era mãe como ela, bela, de um filho dele. E tudo seguia ali pequeno, no entrazulejos.
sábado, 11 de agosto de 2007
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
terça-feira, 7 de agosto de 2007
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
sexta-feira, 3 de agosto de 2007
segunda-feira, 30 de julho de 2007
MANTEIGA NA FACA
Caso jaqueira, sai de baixo!
(inspirado em Os cem menores contos brasileiros, organizado por Marcelino Freire)
(inspirado em Os cem menores contos brasileiros, organizado por Marcelino Freire)
quarta-feira, 25 de julho de 2007
terça-feira, 24 de julho de 2007
nariz
Sei que dói a verdade mas não sei porque insiste em mentir. Sensível o faro, desnuda a falácia.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
quarta-feira, 18 de julho de 2007
terça-feira, 17 de julho de 2007
reforma
deu no jornal: não haverá mais grade entre nós...
capins:
a mochila do mascate,
amiga histérica,
anexo,
após calipso,
cavalo de tróia,
cidadania,
clã,
control v,
devir,
foi anita,
frente-verso,
olfativa,
risco,
rosa,
sincronicidade,
sobreviventes,
última hora
segunda-feira, 16 de julho de 2007
quinta-feira, 12 de julho de 2007
quarta-feira, 11 de julho de 2007
sexta-feira, 6 de julho de 2007
fiat lux
Os olhos ainda úmidos, escrevo. Se eu tivesse dinheiro eu dava pro seu Luiz, eu acho que era esse o nome na placa. Velhas miniaturas de locomotivas na vitrine, alguns objetos de quando o Paraguai era outro e chaveiros, que aos olhos do meu menino reluziram na entrada. E naquele garimpo do olhar, entre presentes e ausentes que eu gostaria de presentear, o curioso objeto, em forma de garrafa azul, com detalhes em carmim desbotado e a velha etiqueta com código como aquele da mercearia de vovô.
Lá de dentro, de dentro de seus óculos de relojoeiro: pois não?
E eu: só estou dando uma olhada. Por favor, é um cinzeiro?
- Não, uma cigarreira musical.
- Posso ver como funciona?
Ele, com o grande maço de chaves, como aquele do vovô (eu tenho a teoria de que dinheiro é sinônimo de muitas chaves). Vitrine aberta, um defeito no contato do porta-cigarros, que não para a música quando dada a corda e fechada a tampa telescópica.
- O senhor arruma, porque só tem esse, não?
Toca o telefone, é o representante do locador, ele quase chorando, do alto da dignidade: está difícil, sei da inadimplência de muitos aqui no prédio, ele não pode dispensar assim um locatário há 41 anos... Espero que em dois meses, já coloquei minhas máquinas à venda (uma registradora e uma máquina de costura disputam o lugar com os clientes). Falamo-nos.
- E então, o senhor me arruma?
- Mas agora? Eu preciso abrir com calma...
- Semana que vem eu passo pra pegar.
(Ele atende uma senhora estranha, recém-chegada, com o relógio parado e a pressa de fazer o tempo andar de novo).
-E isto aqui empacotado, são caixas de fósforo? (juntas no pacote, formam belas flores coloridas). Antigas, não? Como o senhor as vende?
Estendendo-me uma pétala: não vendo, foram feitas pra mim; mas o senhor pode ficar com esta.
Lá de dentro, de dentro de seus óculos de relojoeiro: pois não?
E eu: só estou dando uma olhada. Por favor, é um cinzeiro?
- Não, uma cigarreira musical.
- Posso ver como funciona?
Ele, com o grande maço de chaves, como aquele do vovô (eu tenho a teoria de que dinheiro é sinônimo de muitas chaves). Vitrine aberta, um defeito no contato do porta-cigarros, que não para a música quando dada a corda e fechada a tampa telescópica.
- O senhor arruma, porque só tem esse, não?
Toca o telefone, é o representante do locador, ele quase chorando, do alto da dignidade: está difícil, sei da inadimplência de muitos aqui no prédio, ele não pode dispensar assim um locatário há 41 anos... Espero que em dois meses, já coloquei minhas máquinas à venda (uma registradora e uma máquina de costura disputam o lugar com os clientes). Falamo-nos.
- E então, o senhor me arruma?
- Mas agora? Eu preciso abrir com calma...
- Semana que vem eu passo pra pegar.
(Ele atende uma senhora estranha, recém-chegada, com o relógio parado e a pressa de fazer o tempo andar de novo).
-E isto aqui empacotado, são caixas de fósforo? (juntas no pacote, formam belas flores coloridas). Antigas, não? Como o senhor as vende?
Estendendo-me uma pétala: não vendo, foram feitas pra mim; mas o senhor pode ficar com esta.
quinta-feira, 5 de julho de 2007
quarta-feira, 4 de julho de 2007
terça-feira, 3 de julho de 2007
sexta-feira, 29 de junho de 2007
mudança
Arrombado o cofre descobriu réis inválidos. Mas por ter passado o tempo, olho de boi milionara.
[...]
E desabrigando as pétalas-nádegas
De sua bunda-flor:
O miolo de uma rosa, válvula liberadora
De perfumes variáveis
Todos sempre agradáveis
Para o bom degustador.
De sua bunda-flor:
O miolo de uma rosa, válvula liberadora
De perfumes variáveis
Todos sempre agradáveis
Para o bom degustador.
Dr. Ângelo Monaqueu
quinta-feira, 28 de junho de 2007
agreste
salto marcado no ritmo atabalhoado do malabarista em transe no globo da morte dos leões na jaula a mulher degolada uma zabumba e a cabra margarida na boléia de carona
quarta-feira, 27 de junho de 2007
segunda-feira, 25 de junho de 2007
domingo, 24 de junho de 2007
quinta-feira, 21 de junho de 2007
terça-feira, 19 de junho de 2007
estrada
não me busque no que seja.
encontre-me aqui, naquilo que não foi.
sempre.
em sentido diferente,
na mesma direção.
algo como um filé à parmegiana.
encontre-me aqui, naquilo que não foi.
sempre.
em sentido diferente,
na mesma direção.
algo como um filé à parmegiana.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
dados
reciclamos, armazenamos, criamos, embelezamos
(a sorte está lançada)
arquivo, história, objeto, estante
(eu e ela).
sexta-feira, 15 de junho de 2007
quinta-feira, 14 de junho de 2007
quarta-feira, 13 de junho de 2007
segunda-feira, 11 de junho de 2007
quase escuro
miúdo era assim tudo, sem base
a mesma paisagem do deserto: areia em
tons de laranja banhavam a velha mobília, resignificando eterno
e o vento sudoeste cantava na janela
(nenhuma fresta refresca o partir de um sol)
a mesma paisagem do deserto: areia em
movimento
tons de laranja banhavam a velha mobília, resignificando eterno
entardecer.
quarta-feira, 6 de junho de 2007
pânico
Sai correndo, nada vi. Hoje é seis do seis do sete, um ano se passou desde aquele dia da besta. Sai correndo, nada vi. Viver eu vivi tudo desde então, de um quase tudo, mistério. Sai correndo, nada vi. Daí que quando eu acordei, assim meio axfixiado pelo monóxido de carbono, eu me perdi. Sai correndo, nada vi. Esqueci os óculos sobre a mesa, não enxergava direito, eu não podia mesmo ver...
terça-feira, 5 de junho de 2007
segunda-feira, 4 de junho de 2007
organismo
uma prótese une versos, organiza
uma tese dita, pó é
pra mais de metro, segura
de que veios revestida, tal e qual
plano, coisa pouca, pipoca
sábado, 2 de junho de 2007
gafieira
assim mesmo
nem serena o que mareia
nem merece o que fenece
nem sacana o que sereia
nem areia o que umbigo
sem saber
se
importa
comigo
nem serena o que mareia
nem merece o que fenece
nem sacana o que sereia
nem areia o que umbigo
sem saber
se
importa
comigo
sexta-feira, 1 de junho de 2007
quinta-feira, 31 de maio de 2007
quarta-feira, 30 de maio de 2007
terça-feira, 29 de maio de 2007
protocolar
Se me escapa pelas frestas, memória em afeto simulado.
Lastro é coisa de tempo, segue um pesar das ondas.
Lastro é coisa de tempo, segue um pesar das ondas.
sexta-feira, 25 de maio de 2007
esquecimento
Já não me lembro bem se foi o Suassuna quem disse que o que é bom não faz barulho... De fato!
quarta-feira, 23 de maio de 2007
terça-feira, 22 de maio de 2007
ninho
Hoje me faltava pouco: algum salário e a possibilidade de viver junto. Estou cansado do que não vale a pena, quero meus queridos por perto. Como propôs um deles: "ficar em casa sempre que possível - a cidade raramente oferece algo melhor".
halitose
Urubus são rápidos e se alimentam do podre alheio. Quando o alheio é simplesmente corrupto em movimento, os urubus cagam na sua cabeça. Ficam o tempo todo à espreita, ávidos pela lenta decomposição da matéria, lucrativa.
segunda-feira, 21 de maio de 2007
sábado, 19 de maio de 2007
pressão
De novo. A gente envelhece e já não sofre o trauma. O ônibus pega a direção errada, oposta, mas eu aposto que ainda chego lá. E chego. Acendo uma vela, também não me esqueço do dragão.
sexta-feira, 18 de maio de 2007
pódio
Sobressalto, a tensão matutina dos pés na escada.
Rasteira, a nudez noturna dos pés de Isadora.
Rasteira, a nudez noturna dos pés de Isadora.
círios
Os dias do futuro se erguem à nossa frente
como círios acesos, em fileira -
círios dourados, cálidos e vivos.
Os dias idos ficaram para trás,
triste fila de círios apagados;
os mais próximos ainda fumaceiam,
círios pensos e frios e derretidos.
Não quero vê-los, que me aflige o seu aspecto.
Aflige-me lembrar a sua luz de outrora.
Contemplo, adiante, os meus círios acesos.
Não quero olhar para trás e, trêmulo, notar
como se alonga depressa a fileira sombria,
como crescem depressa os círios apagados.
como círios acesos, em fileira -
círios dourados, cálidos e vivos.
Os dias idos ficaram para trás,
triste fila de círios apagados;
os mais próximos ainda fumaceiam,
círios pensos e frios e derretidos.
Não quero vê-los, que me aflige o seu aspecto.
Aflige-me lembrar a sua luz de outrora.
Contemplo, adiante, os meus círios acesos.
Não quero olhar para trás e, trêmulo, notar
como se alonga depressa a fileira sombria,
como crescem depressa os círios apagados.
Konstantinos Kaváfis, com tradução de José Paulo Paes
quinta-feira, 17 de maio de 2007
escova progressiva
Sobre a penteadeira, o retrato de menina ladeia o vidro com formol. Seus cabelos cresceram desde então, indica a imagem tripartida.
quarta-feira, 16 de maio de 2007
janela
Hoje minha memória se perdeu numa sopa de ervilhas do passado. Era uma memória quase presente. Hoje. Eu me emocionei.
terça-feira, 15 de maio de 2007
segunda-feira, 14 de maio de 2007
quinta-feira, 10 de maio de 2007
por-no-gráfico
Risadas em virilhas sucessórias, teríamos registros de um enluarar, ensolarado: o viço do sexo impresso no tempo. Ou então os eternos alfinetes de cabeça no mapa, soldados de uma guerra de brinquedo. Encantados um e outros.
quarta-feira, 9 de maio de 2007
anjo
Iniciou sua preparação há três meses, desde que foi divulgada a primeira nota da visita do santo padre à cidade. Acorda cedo e mochila nas costas, caminha algumas quadras até o ponto de ônibus: duas conduções até o metrô, desembarque na estação São Bento. O caixote fica guardado sob um gradil removível na lateral do mosteiro.
Hoje é chegado o dia, ontem precisou de um trago pra dormir. Ficou tenso ao guardar na mochila, encaixado na asa esquerda, o objeto requerido. Está lá desde as dez horas, maquiado de branco sob o lençol cotidiano sobre o caixote de base, também recoberto de alvo tecido.
Ao entardecer, arma alada em movimento preciso, a estátua-viva dará cabo do alemão.
Hoje é chegado o dia, ontem precisou de um trago pra dormir. Ficou tenso ao guardar na mochila, encaixado na asa esquerda, o objeto requerido. Está lá desde as dez horas, maquiado de branco sob o lençol cotidiano sobre o caixote de base, também recoberto de alvo tecido.
Ao entardecer, arma alada em movimento preciso, a estátua-viva dará cabo do alemão.
terça-feira, 8 de maio de 2007
penetrômetro windsor
Seguro e fácil de usar
.
O Sistema Windsor HP não requer grande habilidade para ser usado e resultados consistentes são obtidos tanto por técnicos na obra como pela equipe de supervisão. De fato, entre seus usuários se encontram empreiteiros, engenheiros, concreteiras, arquitetos, gerentes, laboratórios de análises e autoridades governamentais.
segunda-feira, 7 de maio de 2007
sexta-feira, 4 de maio de 2007
diâmetro oposto
Enquanto devorava um dogão completo repetia em voz baixa para o espelho: "não posso ver defunto sem chorar".
passado de areia
O que eu penso em fazer da minha vida
É encontrar a felicidade, ser feliz
Ficar gostando e não perder o gosto
Ser feliz
Encontrar a felicidade
E não perder o gosto de estar gostando
É encontrar a felicidade, ser feliz
Ficar gostando e não perder o gosto
Ser feliz
Encontrar a felicidade
E não perder o gosto de estar gostando
Stela do Patrocínio, Reino dos Bichos e dos animais é o meu nome
quinta-feira, 3 de maio de 2007
quarta-feira, 2 de maio de 2007
quarta-feira, 25 de abril de 2007
inerente
No fundo o que a incomodava era não ter o que esquecer. Daí que já não se lembrava mais de nada. Houve?
terça-feira, 24 de abril de 2007
tarde em trem
No filtro da lente dos meus óculos, verdes ganharam azuis em movimento. O tom metálico da ameixeira na janela pôs meu mundo diferente.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
padroeiro
[Rafael Sanzio : São Jorge e o Dragão, 1504-6, oléo s/madeira]
Fica ao meu lado, São Jorge Guerreiro
Com tuas armas, teu perfil obstinado
Me guarda em ti, meu Santo Padroeiro
Me leva ao céu em tua montaria
Numa visita a lua cheia
Que é a medalha da Virgem Maria
Do outro lado, São Jorge Guerreiro
Põe tuas armas na medalha enluarada
Te guardo em mim, meu Santo Padroeiro
A quem recorro em horas de agonia
Tenho a medalha da lua cheia
Você casado com a Virgem Maria
O mar e a noite lembram a Bahia
Orgulho e força, marcas do meu guia
Conto contigo contra os perigos
Contra o quebrando de uma paixão
Deus me perdoe essa intimidade:
Jorge me guarde no coração
Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
E muita vez tem ar de anjo
E garras de dragão
.
[Aldir Blanc, Moacyr Luz : Medalha de São Jorge]
sexta-feira, 20 de abril de 2007
encarnado
Há sangue no algodão do armário do banheiro. Há sangue sobre o lençol branco engomado. Há sangue na sola daquele pé. Há sangue correndo na veia, desde sempre. Há um mar de sangue na Índia, sem motivo aparente. Há quem sangre pelo cu e pela boca. Há um lambari em minha vara, fisgado. Já não há quem dê por isso.
quarta-feira, 18 de abril de 2007
"o importante é que faça"
Eu corri sem necessidade sem saber sem ninguém sem ver sem nem ter porque.
terça-feira, 17 de abril de 2007
opúsculo
Um raio paralisante caiu sobre a cabeça do menino e ele virou bolha. Aí veio o vento e rodou a formação arredondada grama abaixo, até bater na palmeira. A bolha não estourou mas os miolos moles do garoto escorreram como vômito no ônibus. O líquido vazou e foi parar no asfalto quente da rua em frente. A fonte da praça, testemunhando, nada pôde fazer. Depois o menino tirou o ar do corpo e cambaleando de fome saiu à procura de um cachorro-quente, mas só conseguiu encontrar o vendedor de algodão-doce. De modo que o menino não estava com sorte.
segunda-feira, 16 de abril de 2007
vivianita
Acepções
■ substantivo feminino
Rubrica: mineralogia.
fosfato de ferro hidratado monoclínico, incolor, azul ou verde quando alterado; us. como gema e como pigmento azul
Etimologia
antr. J.G. Vivian, mineralogista inglês, + -ita
■ substantivo feminino
Rubrica: mineralogia.
fosfato de ferro hidratado monoclínico, incolor, azul ou verde quando alterado; us. como gema e como pigmento azul
Etimologia
antr. J.G. Vivian, mineralogista inglês, + -ita
[dicionário houaiss da língua portuguesa]
simplório sabido
Uma preguiça atávica, de índio e prole. Um avatar prenunciado, história viva, vívida, vivida.
sexta-feira, 13 de abril de 2007
até que (água mineral)
O Rocha não sabia pra que lado era a seta. Ficou sem rumo esperando a perua. O Pedro, amigo dele, ficou esperando as coordenadas pro encontro. Haja água!
oração
O que Neide, desabrigada, não entendia, era distância de tempo, ou melhor: espaço-temporal, abrigo enquanto enchente não baixasse. Tinha saudade da casa, da roça que não mais existia. Na pressa salvara os bonequinhos de louça, alguns retratos e a carta. Dormia ali abraçada com o caixote daquelas lembranças. Arrependia-se de não ter posto ovo no moirão. Já não clareava, já nem era santa.
(da série poesia na rua, 18
manhã já tarde/ 06.abr.07 - a caminho da padaria)
.
A HARMONIA DO CORPO JÁ ESTÁ ATENDENDO EM NOVO ENDEREÇO
.
A HARMONIA DO CORPO JÁ ESTÁ ATENDENDO EM NOVO ENDEREÇO
quinta-feira, 12 de abril de 2007
escassa vegetação
Quando Jean-Paul lhe mostrou a foto das mãos da Carol soube imediatamente onde as queria com as unhas pintadas de vermelho. Mas a jovem brasileira nunca mais voltou à Montpellier. Hoje, supõe, nem é mais estudante (Jean-Michel ainda sonha com ela).
quarta-feira, 11 de abril de 2007
dúbia, tranqüilo
Outro dia uma nova mensagem curta: no bus...
E eu achando que ele voltaria quando já passara a catraca.
E eu achando que ele voltaria quando já passara a catraca.
amanhã
Em busca de geometria simbólica, levarei meu gato pra passear na casa das rosas. Assim que de suas garras hábeis e afiadas imprimirá no peito das crianças um mistério ancestral que nenhuma contemporaneidade será capaz de apagar. Empírico é o conhecimento do real contorno do mundo, no diverso.
de pequenino
Ao descobrir que sua fome era de plástico, o poeta-criança comeu uma torre de lego. Fez merda de encaixe.
terça-feira, 10 de abril de 2007
cafeomancia
Sentia-se tão medíocre que pediu uma média clarinha, dessas em que se pode espelhar a face na espuma abundante. Enxergou um futuro nebuloso que a virada repentina do tempo confirmou. Como se já não houvesse saída, devorou uma porção de pães de queijo. Ficou foi gorda.
desilusão
Amanhecera assim de peito escarlate, como que pra infartar. O motivo não sabia, nada aparente, dor de dentro? Questionou sem eco o marido ainda em vigília, supôs-se louca. Nem era sem tempo quando sentiu o transbordo, nem era sem tempo. No banho meteu-se a rezar como já não usava: pedia para que não fosse e se fosse que realmente... Depois entregou-se à esteira, suando frio. E para que não restasse dúvida ousou uma última sinfonia: tudo orquestrado.
segunda-feira, 9 de abril de 2007
conjunção
Não me pesa o ombro. Certo mesmo é que o brilho das gentes importa. Eu acredito no amor acima de tudo. É preciso coragem.
sábado, 7 de abril de 2007
envenenado
Era um flautista virtuoso morto assassinado, misteriosamente. Ele faria o programa não tocado em breve. Meio mórbido, na fazenda do conde.
quinta-feira, 5 de abril de 2007
horizonte distante
Existem complexos mecanismos cerebrais funcionando para organizar e decifrar um dado limiar entre o consciente e o inconsciente a partir dos sentidos. Deve ser isso. E aí uma experiência banal pode tornar-se importante, desencadeando uma seqüência de idéias que fazem um barulhinho como que daquelas plaquinhas metálicas rodando os vôos nos aeroportos antes do caos aéreo. Aqueles olhos não me deixam mentir: muito permanece.
causa infundada
A sorte do dia era uma brisa anunciando a liberdade. Palavras categóricas e ásperas levadas a esmo, orvalhando um delicado jardim.
alforria, ventania
- Medo: não posso ver um só, corro.
Assim seguia o menino, escravo de si mesmo.
Eu queria poder ajudá-lo: na travessia, ofereci-lhe a mão .
Assim seguia o menino, escravo de si mesmo.
Eu queria poder ajudá-lo: na travessia, ofereci-lhe a mão .
quarta-feira, 4 de abril de 2007
sétima série
Nisso ainda somos iguais: de nossas privadas cuidamos nós mesmos. Cansei de ficar de bunda de fora. E para deixar claro: não sou inseguro. Merda!
comércio local
Cada vez que pensava na morte da costureira memorava o cantar dos pneus na borracharia.
terça-feira, 3 de abril de 2007
alveolar de barro
Era tanto o fumacê na colméia que ficou de picadura. Gozou um tubão de inseticida.
manutenção de elevadores
De quebra, o cachorro precisava trazer seu termo de lei a cada duplo salto mortal.
15 minutos
Conspiração é quando se sai da cama à uma e doze e se chega em casa à uma e vinte e sete.
sexta-feira, 30 de março de 2007
quinta-feira, 29 de março de 2007
quarta-feira, 28 de março de 2007
aceleração, páscoa
Sexto domingo da quaresma, pra abrir a nova semana e fechar a tristeza de vez. Ora em diante, felizes serão os dias do senhor.
segunda-feira, 26 de março de 2007
dentro do espelho
pastilha azul
pássaro morto
alma arruela
monstro gaviola
princesa macaca
brigadeiro pisado
lua sorriso
.
(com uma tristeza do outro lado)
sábado, 24 de março de 2007
sobreviventes
noturna
camisa de botão: o pum que deu certo chuta garrafa pet
umas duas]
matutina
fenômeno: um menino que come feno, um ruminante
quase onze]
(há quem nunca tenha visto um poeta)
camisa de botão: o pum que deu certo chuta garrafa pet
umas duas]
matutina
fenômeno: um menino que come feno, um ruminante
quase onze]
(há quem nunca tenha visto um poeta)
sexta-feira, 23 de março de 2007
ultrapassagem
Despassarado será aquele que passou além de, tal qual ave errante migrando. Cabeça fraca porque voa transpondo ovos, despassarinhando?
depois do sonho
O extrato debatia-se áspero nos blocos de concreto. Meu olhar, que o seguia, foi dar num homem moldado em árvore, esperando na sombra um desfecho. Nenhuma apoteóse: aquele seu cheiro é que me tirou do estado.
quinta-feira, 22 de março de 2007
claridade
Aquele bolo de nozes não seria nunca suficiente. Lúcida e coquete, caminha sem auxílio e lenta segue. Não entende o porquê da mulher nova, aquela que quer ser presidente; eu assinto, na discordância do novo homem, aquele que quer um creme anti-rugas. Mora lá, cá, acolá. Está soberana em todos os lugares há exatos noventa e oito anos. Tia Clara tosse.
dentro e fora
Enquanto penso no teclado, nem ligo pra barata aqui na mesa. Ela alucina em suas antenas, sem rumo, beija minha mão.
quarta-feira, 21 de março de 2007
terça-feira, 20 de março de 2007
labirinto, viajante
metade bicho metade homem.
metade homem metade bicho.
cindido entre a dúvida e a certeza:
sagitário, minotauro.
metade homem metade bicho.
cindido entre a dúvida e a certeza:
sagitário, minotauro.
segunda-feira, 19 de março de 2007
realidade
Depois que eu voltei da caça, preparou-me um coelho com polenta cremosa. Estava delicioso. Mantivemos a lareira acesa por toda a noite e nos entregamos à lascívia regada ao bom vinho. O céu era repleto de estrelas até que a alvorada rompeu de um laranja ofuscando. Fomos para o quarto, fechamos as persianas e dormimos enquanto.
domingo, 18 de março de 2007
sábado, 17 de março de 2007
sexta-feira, 16 de março de 2007
quarta-feira, 14 de março de 2007
Assinar:
Postagens (Atom)