sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

presente

sono/chuva/padaria/viagem/galpão/lama/desenho/revista/entrada/cidade/avião/rosal/mina/polícia/trânsito/almoço/compra/encontro/recado/noite/esquecimento/festa/sexo/sono

dintenso, como convinha.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

sem capim

Como diria um chegado: trabalho de macaco!

a pedido

Sobre futebol: eu não me rebaixaria a tal ponto.

desditado

Desde aquela última espera as esperas todas eram difíceis. E não sabendo mesmo o que esperar, tinha esperança. Não alcançou foi nada.

jogo

Mãos, não me deixam dormir. Algum incômodo, uma chuva fina que nem é suficiente. A falta. Uma procura talvez. Uma viagem interrompida, frase por dizer. E a manhã de amanhã.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

navegador

Trazia uma faca nas mãos, fosse capaz de tudo aquilo. No mais pedras coloridas, que reinventavam um mar longínquo. Estrelas, a ver.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

ringstraße

às margens do danúbio, há exato um ano:
café?
folia de reis, freud explica (ou a wikipédia).
...
ps. sincrônico: hoje com kriska.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

reserva pra seis

Tudo de um puteiro, menos as putas. E não é que uma das cadelas se ausentou da mesa? Trama tecida, mesa posta, teclado santificado, cavalo sanitário, mandioca frita e frango a passarinho. Incensadas testemunhas. Viver é mesmo um RISCO.

retorno

Triste terá sido a vida do caxeiro-viajante.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

aquele

Tudo se encaixa, pensava em tempo segundo eterno de novo encontro inesperado. Jamais trocaram além de olhares. Nunca soube o nome dele. Tinha certeza de terem sido feitos um para o outro.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

viagem ao Brasil profundo

seguia impregnado com o gosto da pitomba

censura livre

Experimentou brisa na face pela primeira vez. Sal e areia. E sobretudo a sensação da máscara prestes a cair.

"uninversos"

Se pra ele o exagero dela era tão assim pequeno... O amor superava aquilo tudo.

diverso

pecado foi a preguiça de anotar tudo aquilo pelo descabido

o rapto

Aquelas letras se embaralhavam todas sem proveito. Teriam sido ditas sem pensar, teria sido truque ou língua presa, teria sido presa, foi. E agora quaisqueres outras palavras formadas por ela não teriam sabor; ou pior trariam consigo o fel de invenções descabidas e nenhuma esperança de calmaria. Certo era que dali nada podia recomeçar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

velório

Ela implorava pra ele, expandindo e contraindo o ventre:
- Dança comigo?
Ele assim seco:
- Eu não sei dançar.
Ela saiu triste, jamais ninguém havia dito não.

Nunca mais se viram antes daquele dia. Ela chorou muito.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

chiclete

Mentira tinha sabor de menta. Canela de canela mesmo (cor assim marrom arroxeada, hematoma em pele alva). Seios tutifruti, hálito hortelã. Nenhum sabor destes novos.

intransitivo

De sorte jamais saberia da felicidade contida em sua atitude deliberada.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

jorro

parece sono acumulado, libido. "pronto, falei".

deu-me livro

Será verdade que fugiram mesmo da gaveta?

trample

sua buceta faminta sorvendo uma meia-calça
o pau dele duro esperando por um nó o gozo

mínimo, 2

Aquilo que queria escrito, construído.

equação de primavera

É outro o nome daquilo, outro o ser, outro.
Florada imensa pra condição adversa.
Verdade é que foram dias intensos.
É que em diante permanecerão mesmos [sic.] outros, c. q. d.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

prato feito, 2

Quem fez a mistura foi o Sérgio, tantos anos depois. Notícias da família. E a gente se pergunta dos desígnios. O Gomes sabe disso, religiosamente. Hoje acenderei uma vela.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Noves fora

E poderá haver maior gentileza do que ficar de pau duro para uma mulher?
Dr. Pedro Nóia

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

terça-feira, 21 de agosto de 2007

fragmento

ostracismo cismar com ostras

adúltera

Fingia dormir no colo dela só pra sentir aquele cheiro bom. Ela deixava o nariz dele entrar, a mão por debaixo. Eu sei é que no final eles se devoraram por sobre a bancada de inox da sala ao lado, com a água pingando da torneira e escorrendo pelas coxas. O olhar vigilante dela, a porta entreaberta para o flagra, seu cu em flor quase buceta lubrificada. Juravam ambos, não valerem o que cagavam, conforme o aforismo daquele poeta, Dr. Ângelo Monaqueu.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

cegueira

Numa segunda qualquer que não começou, um agudo som trincou a caverna, perturbando-lhe o sono da semana, que não ouve.

lona

Alguma potência naquele soco retido no ar, propagada em ondas que o atingirão mais cedo ou mais tarde. Só não me pergunte porque.

acústica

Amanheceu loira, ainda mais conforme a atriz do filme matutino. Mas continuava longe do country dela apesar de na roça. Eletrônica sua música, a musa dele, dj. Era mãe como ela, bela, de um filho dele. E tudo seguia ali pequeno, no entrazulejos.

sábado, 11 de agosto de 2007

terça-feira, 7 de agosto de 2007

segunda-feira, 30 de julho de 2007

MANTEIGA NA FACA

Caso jaqueira, sai de baixo!
(inspirado em Os cem menores contos brasileiros, organizado por Marcelino Freire)

terça-feira, 24 de julho de 2007

quinta-feira, 12 de julho de 2007

quarta-feira, 11 de julho de 2007

sexta-feira, 6 de julho de 2007

prazo de validade

o tempo exige
de nossos cacos
uma cola
que invariavelmente vence
antes do tempo

fiat lux

Os olhos ainda úmidos, escrevo. Se eu tivesse dinheiro eu dava pro seu Luiz, eu acho que era esse o nome na placa. Velhas miniaturas de locomotivas na vitrine, alguns objetos de quando o Paraguai era outro e chaveiros, que aos olhos do meu menino reluziram na entrada. E naquele garimpo do olhar, entre presentes e ausentes que eu gostaria de presentear, o curioso objeto, em forma de garrafa azul, com detalhes em carmim desbotado e a velha etiqueta com código como aquele da mercearia de vovô.
Lá de dentro, de dentro de seus óculos de relojoeiro: pois não?
E eu: só estou dando uma olhada. Por favor, é um cinzeiro?
- Não, uma cigarreira musical.
- Posso ver como funciona?
Ele, com o grande maço de chaves, como aquele do vovô (eu tenho a teoria de que dinheiro é sinônimo de muitas chaves). Vitrine aberta, um defeito no contato do porta-cigarros, que não para a música quando dada a corda e fechada a tampa telescópica.
- O senhor arruma, porque só tem esse, não?
Toca o telefone, é o representante do locador, ele quase chorando, do alto da dignidade: está difícil, sei da inadimplência de muitos aqui no prédio, ele não pode dispensar assim um locatário há 41 anos... Espero que em dois meses, já coloquei minhas máquinas à venda (uma registradora e uma máquina de costura disputam o lugar com os clientes). Falamo-nos.
- E então, o senhor me arruma?
- Mas agora? Eu preciso abrir com calma...
- Semana que vem eu passo pra pegar.
(Ele atende uma senhora estranha, recém-chegada, com o relógio parado e a pressa de fazer o tempo andar de novo).
-E isto aqui empacotado, são caixas de fósforo? (juntas no pacote, formam belas flores coloridas). Antigas, não? Como o senhor as vende?
Estendendo-me uma pétala: não vendo, foram feitas pra mim; mas o senhor pode ficar com esta.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

prenda


mudança

Arrombado o cofre descobriu réis inválidos. Mas por ter passado o tempo, olho de boi milionara.

salvar rascunho

há o ão o a e ou não há

risco de guardanapo

desenho de márcio dal rio

[...]

E desabrigando as pétalas-nádegas
De sua bunda-flor:
O miolo de uma rosa, válvula liberadora
De perfumes variáveis
Todos sempre agradáveis
Para o bom degustador.

Dr. Ângelo Monaqueu

bandeira, 3/3

flávio império, 1972c, serigrafia sobre tecido

consolo (3/3)

BENTO 16 CM, O ÚNICO COM CHAPÉU PAPAU
(bar b, 28.06.07, 23:02h)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

agreste

salto marcado no ritmo atabalhoado do malabarista em transe no globo da morte dos leões na jaula a mulher degolada uma zabumba e a cabra margarida na boléia de carona

terça-feira, 19 de junho de 2007

estrada

não me busque no que seja.
encontre-me aqui, naquilo que não foi.
sempre.
em sentido diferente,
na mesma direção.
algo como um filé à parmegiana.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

segunda-feira, 11 de junho de 2007

untitled #255

cindy sherman

contaminação

sei, sei não.

quase escuro

miúdo era assim tudo, sem base


e o vento sudoeste cantava na janela


(nenhuma fresta refresca o partir de um sol)

a mesma paisagem do deserto: areia em

movimento

tons de laranja banhavam a velha mobília, resignificando eterno
entardecer.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

prato feito

Aquele luminoso sem luz há tanto tempo: 46. Era número e nome, mas eu estava enjoado.

pânico

Sai correndo, nada vi. Hoje é seis do seis do sete, um ano se passou desde aquele dia da besta. Sai correndo, nada vi. Viver eu vivi tudo desde então, de um quase tudo, mistério. Sai correndo, nada vi. Daí que quando eu acordei, assim meio axfixiado pelo monóxido de carbono, eu me perdi. Sai correndo, nada vi. Esqueci os óculos sobre a mesa, não enxergava direito, eu não podia mesmo ver...

A23

Downloads fazem bem ao ego.

terça-feira, 5 de junho de 2007

sábado, 2 de junho de 2007

gafieira

assim mesmo
nem serena o que mareia
nem merece o que fenece
nem sacana o que sereia
nem areia o que umbigo
sem saber
se
importa
comigo

quarta-feira, 30 de maio de 2007

parto

(arrumei gavetas)
De longe, meu adeus.
(vim pelas mãos dela)
Um café, de encontro.
(agora leve)

terça-feira, 29 de maio de 2007

se

De tão pouco se fez massa que no frigir dos ovos sobrou a manteiga, queimada.

protocolar

Se me escapa pelas frestas, memória em afeto simulado.
Lastro é coisa de tempo, segue um pesar das ondas.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

terça-feira, 22 de maio de 2007

ninho

Hoje me faltava pouco: algum salário e a possibilidade de viver junto. Estou cansado do que não vale a pena, quero meus queridos por perto. Como propôs um deles: "ficar em casa sempre que possível - a cidade raramente oferece algo melhor".

atividades diferenciadas

Não é nada, é só o barulho.

halitose

Urubus são rápidos e se alimentam do podre alheio. Quando o alheio é simplesmente corrupto em movimento, os urubus cagam na sua cabeça. Ficam o tempo todo à espreita, ávidos pela lenta decomposição da matéria, lucrativa.

A22

Cu: mandala à merda.

sábado, 19 de maio de 2007

pressão

De novo. A gente envelhece e já não sofre o trauma. O ônibus pega a direção errada, oposta, mas eu aposto que ainda chego lá. E chego. Acendo uma vela, também não me esqueço do dragão.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

conselho

O poeta dizia disse eu que deve-se assim agir antes de pensar nessas horas.

suor

Que não se perca um cobertor fora por falta de camisa.

visitas

O mundo das especialidades não me atrai.

pódio

Sobressalto, a tensão matutina dos pés na escada.
Rasteira, a nudez noturna dos pés de Isadora.

círios

Os dias do futuro se erguem à nossa frente
como círios acesos, em fileira -
círios dourados, cálidos e vivos.

Os dias idos ficaram para trás,
triste fila de círios apagados;
os mais próximos ainda fumaceiam,
círios pensos e frios e derretidos.

Não quero vê-los, que me aflige o seu aspecto.
Aflige-me lembrar a sua luz de outrora.
Contemplo, adiante, os meus círios acesos.

Não quero olhar para trás e, trêmulo, notar
como se alonga depressa a fileira sombria,
como crescem depressa os círios apagados.


Konstantinos Kaváfis, com tradução de José Paulo Paes

quinta-feira, 17 de maio de 2007

quarta-feira, 16 de maio de 2007

janela

Hoje minha memória se perdeu numa sopa de ervilhas do passado. Era uma memória quase presente. Hoje. Eu me emocionei.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

quinta-feira, 10 de maio de 2007

missal

Entrechuvas, olhos embaçados, não vê a liturgia do licor de jenipapo.

por-no-gráfico

Risadas em virilhas sucessórias, teríamos registros de um enluarar, ensolarado: o viço do sexo impresso no tempo. Ou então os eternos alfinetes de cabeça no mapa, soldados de uma guerra de brinquedo. Encantados um e outros.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

vitrines capitalistas

Súbito, nas lojas de calçados, as sandálias deram vez às botas.

anjo

Iniciou sua preparação há três meses, desde que foi divulgada a primeira nota da visita do santo padre à cidade. Acorda cedo e mochila nas costas, caminha algumas quadras até o ponto de ônibus: duas conduções até o metrô, desembarque na estação São Bento. O caixote fica guardado sob um gradil removível na lateral do mosteiro.
Hoje é chegado o dia, ontem precisou de um trago pra dormir. Ficou tenso ao guardar na mochila, encaixado na asa esquerda, o objeto requerido. Está lá desde as dez horas, maquiado de branco sob o lençol cotidiano sobre o caixote de base, também recoberto de alvo tecido.
Ao entardecer, arma alada em movimento preciso, a estátua-viva dará cabo do alemão.

terça-feira, 8 de maio de 2007

penetrômetro windsor


Seguro e fácil de usar
.
O Sistema Windsor HP não requer grande habilidade para ser usado e resultados consistentes são obtidos tanto por técnicos na obra como pela equipe de supervisão. De fato, entre seus usuários se encontram empreiteiros, engenheiros, concreteiras, arquitetos, gerentes, laboratórios de análises e autoridades governamentais.

corporation, 6


corporation, 5


corporation, 4


corporation, 3


corporation, 2


corporation, 1


sexta-feira, 4 de maio de 2007

diâmetro oposto

Enquanto devorava um dogão completo repetia em voz baixa para o espelho: "não posso ver defunto sem chorar".

tarja

Pressentimento de se ter pra depois sentimentar.

refrigerante

Neste mesmo momento, em despedida, oferece um rocambole para os colegas.

loló na cadeira

Asssoar o nariz em papel-cebola descongestiona a profissão de fé.

passado de areia

O que eu penso em fazer da minha vida
É encontrar a felicidade, ser feliz
Ficar gostando e não perder o gosto
Ser feliz
Encontrar a felicidade
E não perder o gosto de estar gostando

Stela do Patrocínio, Reino dos Bichos e dos animais é o meu nome

quinta-feira, 3 de maio de 2007

quarta-feira, 2 de maio de 2007

terça-feira, 24 de abril de 2007

tarde em trem

No filtro da lente dos meus óculos, verdes ganharam azuis em movimento. O tom metálico da ameixeira na janela pôs meu mundo diferente.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

padroeiro

[Rafael Sanzio : São Jorge e o Dragão, 1504-6, oléo s/madeira]

Fica ao meu lado, São Jorge Guerreiro
Com tuas armas, teu perfil obstinado
Me guarda em ti, meu Santo Padroeiro
Me leva ao céu em tua montaria
Numa visita a lua cheia
Que é a medalha da Virgem Maria
Do outro lado, São Jorge Guerreiro
Põe tuas armas na medalha enluarada
Te guardo em mim, meu Santo Padroeiro
A quem recorro em horas de agonia
Tenho a medalha da lua cheia
Você casado com a Virgem Maria
O mar e a noite lembram a Bahia
Orgulho e força, marcas do meu guia
Conto contigo contra os perigos
Contra o quebrando de uma paixão
Deus me perdoe essa intimidade:
Jorge me guarde no coração
Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
E muita vez tem ar de anjo
E garras de dragão
.
[Aldir Blanc, Moacyr Luz : Medalha de São Jorge]

sexta-feira, 20 de abril de 2007

ante

Quem será amanhã que vem a quem? Só será só amanhã. Será sol? A manhã que venha.

canção

hera, era. ver-te ali, bela, musgo.
jogo de fonemas, desver verdes.

surpresa, vem ver

Úmidos de sono e poesia, corpo frágil rente, no clamor do abraço.

encarnado

Há sangue no algodão do armário do banheiro. Há sangue sobre o lençol branco engomado. Há sangue na sola daquele pé. Há sangue correndo na veia, desde sempre. Há um mar de sangue na Índia, sem motivo aparente. Há quem sangre pelo cu e pela boca. Há um lambari em minha vara, fisgado. Já não há quem dê por isso.

terça-feira, 17 de abril de 2007

quinta série

Eles não sabem nem com quantos pixels se faz uma canoa!

pocotó


Era uma vez três cavalos. Um chamava huvalo, outro chamava mavalo e o outro tivalo...

creme rejuvenescedor


opúsculo

Um raio paralisante caiu sobre a cabeça do menino e ele virou bolha. Aí veio o vento e rodou a formação arredondada grama abaixo, até bater na palmeira. A bolha não estourou mas os miolos moles do garoto escorreram como vômito no ônibus. O líquido vazou e foi parar no asfalto quente da rua em frente. A fonte da praça, testemunhando, nada pôde fazer. Depois o menino tirou o ar do corpo e cambaleando de fome saiu à procura de um cachorro-quente, mas só conseguiu encontrar o vendedor de algodão-doce. De modo que o menino não estava com sorte.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

vivianita

Acepções
■ substantivo feminino

Rubrica: mineralogia.
fosfato de ferro hidratado monoclínico, incolor, azul ou verde quando alterado; us. como gema e como pigmento azul

Etimologia
antr. J.G. Vivian, mineralogista inglês, + -ita

[dicionário houaiss da língua portuguesa]

simplório sabido

Uma preguiça atávica, de índio e prole. Um avatar prenunciado, história viva, vívida, vivida.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

até que (água mineral)

O Rocha não sabia pra que lado era a seta. Ficou sem rumo esperando a perua. O Pedro, amigo dele, ficou esperando as coordenadas pro encontro. Haja água!

oração

O que Neide, desabrigada, não entendia, era distância de tempo, ou melhor: espaço-temporal, abrigo enquanto enchente não baixasse. Tinha saudade da casa, da roça que não mais existia. Na pressa salvara os bonequinhos de louça, alguns retratos e a carta. Dormia ali abraçada com o caixote daquelas lembranças. Arrependia-se de não ter posto ovo no moirão. Já não clareava, já nem era santa.

A19

Amar é assim bem egoísta: gostar de estar bonito para o outro.

(da série poesia na rua, 18

manhã já tarde/ 06.abr.07 - a caminho da padaria)
.
A HARMONIA DO CORPO JÁ ESTÁ ATENDENDO EM NOVO ENDEREÇO

quinta-feira, 12 de abril de 2007

escassa vegetação

Quando Jean-Paul lhe mostrou a foto das mãos da Carol soube imediatamente onde as queria com as unhas pintadas de vermelho. Mas a jovem brasileira nunca mais voltou à Montpellier. Hoje, supõe, nem é mais estudante (Jean-Michel ainda sonha com ela).

A18

Trunfo de parente chato é herança.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

dúbia, tranqüilo

Outro dia uma nova mensagem curta: no bus...
E eu achando que ele voltaria quando já passara a catraca.

amanhã

Em busca de geometria simbólica, levarei meu gato pra passear na casa das rosas. Assim que de suas garras hábeis e afiadas imprimirá no peito das crianças um mistério ancestral que nenhuma contemporaneidade será capaz de apagar. Empírico é o conhecimento do real contorno do mundo, no diverso.

de pequenino

Ao descobrir que sua fome era de plástico, o poeta-criança comeu uma torre de lego. Fez merda de encaixe.

cafeomancia, 2

lida a borra
ledo engano
lado errado
lodo o bardo

A17

Quem por trampo trepa ou dá ou desce.

terça-feira, 10 de abril de 2007

cafeomancia

Sentia-se tão medíocre que pediu uma média clarinha, dessas em que se pode espelhar a face na espuma abundante. Enxergou um futuro nebuloso que a virada repentina do tempo confirmou. Como se já não houvesse saída, devorou uma porção de pães de queijo. Ficou foi gorda.

desilusão

Amanhecera assim de peito escarlate, como que pra infartar. O motivo não sabia, nada aparente, dor de dentro? Questionou sem eco o marido ainda em vigília, supôs-se louca. Nem era sem tempo quando sentiu o transbordo, nem era sem tempo. No banho meteu-se a rezar como já não usava: pedia para que não fosse e se fosse que realmente... Depois entregou-se à esteira, suando frio. E para que não restasse dúvida ousou uma última sinfonia: tudo orquestrado.

Rodrigo Brotero Lefèvre: a construção da utopia

dissertação

segunda-feira, 9 de abril de 2007

sábado, 7 de abril de 2007

menino mais velho

Presente agradecido. Olhos que brilham no escuro do mundo.

menina grande

Por ela eu sorria. Pra ela, a cada chamado. Assim, assimilado.

envenenado

Era um flautista virtuoso morto assassinado, misteriosamente. Ele faria o programa não tocado em breve. Meio mórbido, na fazenda do conde.

simples

Nenhuma ou todas elas explicações. Plausível ou incongruentes, todas elas. Apenas.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

A16

Quem muito trampa, pouco trepa.

horizonte distante

Existem complexos mecanismos cerebrais funcionando para organizar e decifrar um dado limiar entre o consciente e o inconsciente a partir dos sentidos. Deve ser isso. E aí uma experiência banal pode tornar-se importante, desencadeando uma seqüência de idéias que fazem um barulhinho como que daquelas plaquinhas metálicas rodando os vôos nos aeroportos antes do caos aéreo. Aqueles olhos não me deixam mentir: muito permanece.

A15

Amor é quando corre nas veias um presente que plenifica o futuro.

causa infundada

A sorte do dia era uma brisa anunciando a liberdade. Palavras categóricas e ásperas levadas a esmo, orvalhando um delicado jardim.

alforria, ventania

- Medo: não posso ver um só, corro.
Assim seguia o menino, escravo de si mesmo.
Eu queria poder ajudá-lo: na travessia, ofereci-lhe a mão .

quarta-feira, 4 de abril de 2007

sétima série

Nisso ainda somos iguais: de nossas privadas cuidamos nós mesmos. Cansei de ficar de bunda de fora. E para deixar claro: não sou inseguro. Merda!

pau de sebo

Ficou roncoio depois do acidente nas travas da rede do gol, desceu rasgando.

toma vitamina

Fez um suco preciso com as maçãs do rosto gelado.

glúten

Comeu chocolate branco até a boca ficar torta e a batata da perna roxa.

antes da chuva

Por um desvio de septo uma bandeirinha zebrada sendo carregada quilômetros.

parede azul

Numa ária vazia uma puta pauta de vermelho e silêncio a noite do sofá.

comércio local

Cada vez que pensava na morte da costureira memorava o cantar dos pneus na borracharia.

tombo de carroça

Galopava inseguro num pônei manco de crina verde cintilante. Enfiou-lhe a espora.

dromedário indomável

Nenhuma só garantia de 3 meses fornece o coreano de martelo na mão.

conectores plásticos

Estado sereno enquanto tempestade de óleo bezunta o indicador da pata alheia.

terça-feira, 3 de abril de 2007

alveolar de barro

Era tanto o fumacê na colméia que ficou de picadura. Gozou um tubão de inseticida.

manutenção de elevadores

De quebra, o cachorro precisava trazer seu termo de lei a cada duplo salto mortal.

lampião de gás

O menino feliz vomitou todo o choro depois do samba de roda de liga leve.

almofada peidofônica

Era um homem minúsculo, quase do tamanho de um angorá na dança da cadeira.

15 minutos

Conspiração é quando se sai da cama à uma e doze e se chega em casa à uma e vinte e sete.

segunda-feira, 26 de março de 2007

quase lá

Eu já desenho o futuro. Conforme, ele também me pareceu lindo.

thelema

"Love is the law, love under will"
.
Da lei, na alquimia não se distingue o bem do mal.

final

A última cartada, ás na dama.

recorde

Quantos nós ao vento? Noventa.

genética-mente?

Com olhos de ver e ouvidos de ouvir. Fi-lo. Já com agá.

A13

Uma só centopéia alada não faz outono.

repeat please

play, 6 play, forward 12 play, rewind 6 play... and more.

pós-violência

Soque, já morreu lá trás. Quero gritar para todos.

dentro do espelho

pastilha azul
pássaro morto
alma arruela
monstro gaviola
princesa macaca
brigadeiro pisado
lua sorriso
.
(com uma tristeza do outro lado)

sábado, 24 de março de 2007

sobreviventes

noturna
camisa de botão: o pum que deu certo chuta garrafa pet
umas duas]

matutina
fenômeno: um menino que come feno, um ruminante
quase onze]

(há quem nunca tenha visto um poeta)

sexta-feira, 23 de março de 2007

diálogo

mó: em memória ria, mero amor mora
deusa: da saudade, seda, saúde e sade

ultrapassagem

Despassarado será aquele que passou além de, tal qual ave errante migrando. Cabeça fraca porque voa transpondo ovos, despassarinhando?

depois do sonho

O extrato debatia-se áspero nos blocos de concreto. Meu olhar, que o seguia, foi dar num homem moldado em árvore, esperando na sombra um desfecho. Nenhuma apoteóse: aquele seu cheiro é que me tirou do estado.

quinta-feira, 22 de março de 2007

A12

Corda pra suicida é forca.

claridade

Aquele bolo de nozes não seria nunca suficiente. Lúcida e coquete, caminha sem auxílio e lenta segue. Não entende o porquê da mulher nova, aquela que quer ser presidente; eu assinto, na discordância do novo homem, aquele que quer um creme anti-rugas. Mora lá, cá, acolá. Está soberana em todos os lugares há exatos noventa e oito anos. Tia Clara tosse.

A11

Noves fora, aforismo.

A10

De menos: economia de meios.

A9

Quando a cabeça perturba a poesia tangencia.

A8

O fiado está sempre por um fio.

A7

Nem todo ar comprimido é bolha.

A6

Em garrafa cheia não entra ar.

A5

Quem lê mão não sabe que horas são.

A4

A quatro só em mãos.

A3

Conselho só é bom se dá coceira.

dentro e fora

Enquanto penso no teclado, nem ligo pra barata aqui na mesa. Ela alucina em suas antenas, sem rumo, beija minha mão.

segunda-feira, 19 de março de 2007

pele bovina

no berne extirpado
o óleo queimado

realidade

Depois que eu voltei da caça, preparou-me um coelho com polenta cremosa. Estava delicioso. Mantivemos a lareira acesa por toda a noite e nos entregamos à lascívia regada ao bom vinho. O céu era repleto de estrelas até que a alvorada rompeu de um laranja ofuscando. Fomos para o quarto, fechamos as persianas e dormimos enquanto.

domingo, 18 de março de 2007

quarta-feira, 14 de março de 2007