segunda-feira, 30 de julho de 2007

MANTEIGA NA FACA

Caso jaqueira, sai de baixo!
(inspirado em Os cem menores contos brasileiros, organizado por Marcelino Freire)

terça-feira, 24 de julho de 2007

quinta-feira, 12 de julho de 2007

quarta-feira, 11 de julho de 2007

sexta-feira, 6 de julho de 2007

prazo de validade

o tempo exige
de nossos cacos
uma cola
que invariavelmente vence
antes do tempo

fiat lux

Os olhos ainda úmidos, escrevo. Se eu tivesse dinheiro eu dava pro seu Luiz, eu acho que era esse o nome na placa. Velhas miniaturas de locomotivas na vitrine, alguns objetos de quando o Paraguai era outro e chaveiros, que aos olhos do meu menino reluziram na entrada. E naquele garimpo do olhar, entre presentes e ausentes que eu gostaria de presentear, o curioso objeto, em forma de garrafa azul, com detalhes em carmim desbotado e a velha etiqueta com código como aquele da mercearia de vovô.
Lá de dentro, de dentro de seus óculos de relojoeiro: pois não?
E eu: só estou dando uma olhada. Por favor, é um cinzeiro?
- Não, uma cigarreira musical.
- Posso ver como funciona?
Ele, com o grande maço de chaves, como aquele do vovô (eu tenho a teoria de que dinheiro é sinônimo de muitas chaves). Vitrine aberta, um defeito no contato do porta-cigarros, que não para a música quando dada a corda e fechada a tampa telescópica.
- O senhor arruma, porque só tem esse, não?
Toca o telefone, é o representante do locador, ele quase chorando, do alto da dignidade: está difícil, sei da inadimplência de muitos aqui no prédio, ele não pode dispensar assim um locatário há 41 anos... Espero que em dois meses, já coloquei minhas máquinas à venda (uma registradora e uma máquina de costura disputam o lugar com os clientes). Falamo-nos.
- E então, o senhor me arruma?
- Mas agora? Eu preciso abrir com calma...
- Semana que vem eu passo pra pegar.
(Ele atende uma senhora estranha, recém-chegada, com o relógio parado e a pressa de fazer o tempo andar de novo).
-E isto aqui empacotado, são caixas de fósforo? (juntas no pacote, formam belas flores coloridas). Antigas, não? Como o senhor as vende?
Estendendo-me uma pétala: não vendo, foram feitas pra mim; mas o senhor pode ficar com esta.