sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

duque

para Luiz
Partiu sem planejamento, meu engenheiro dileto.
Não antes de eu conduzi-lo ao parque, para o aniversário de um jovem astronauta...
Não antes de me mostrar orgulhoso o boneco do livro de seus feitos.
Assim, sem estudo de viabilidade, ele que tantas vezes foi meu motorneiro
Hoje transpôs altivo um rio de lágrimas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

antevéspera

nem sei tanto tempo
um ano, dois meses, três meses
presente ausência prolongada

o sono perturbado turbilhão
uma tuba noturnal - toda noite
dois corpos, um só frio fricote

medos, memórias, promessas
o devir anunciado desde então
queijo meia-cura, ralado grosso

) compartilágrimas


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

segunda-feira, 20 de julho de 2015

quarta-feira, 8 de julho de 2015

prometida

quatro, quase, anos:
tudo aqui mudou; e não mudou...
teu apelido já não é mais teu, torrão de outrém.
e hoje o dia amanheceu triste, na ausência dupla.
mas eu te desejo feliz (pralém do próprio desejo).


segunda-feira, 13 de abril de 2015

sexta-feira, 27 de março de 2015

infinito particular

desde a última data festiva tanta coisa entre nós...
que chegou, aconchegou-se, está aqui conosco.

dou graças, que apesar das mortes os nascimentos não cessam.
que a gente tem um ao outro e ainda mais...

que a gente gosta junto, comunga, compartilha...
que em breve chega o avesso dobrado da idade do presente.

(só desta vez)

que de três pra oito duas luas...
que de mês pra ano não há pressa...

e que mesmo à míngua, o amor é novo!

sábado, 21 de março de 2015

o quanto a solidão precisa pra morrer

macrocosmo: equinócio, eclipse, perigeu
microcosmo: velas no barro, minhas estrelas a brilhar
nosso retrato em 3x8: nova, quarto crescente
a próxima lua, nem mais um pio; brindemos!

sexta-feira, 20 de março de 2015

oração subordinada

nem nunca me bastou saber, preciso sentir, sistema meu!
fato, em ti, é que preciso mais de oxum do que de oxóssi.
és livre e encontro beleza aí, quase emudeço,
mas a indiferenciação da eterna caça confunde-me sobremaneira:
me faz parecer ridículo, desnecessário sujeito dentre tantos objetos.
do lado de cá sensação e intuição por vezes se confundem, eu sempre introvertido.
e isso choca com tua generosa extroversão, libido a fluir de dentro pra fora...
pensamento, sentimento?

o que peço, amor meu, é que olhes de soslaio de fora pra dentro, partilha nossa.
que baixes a guarda,
que confies,
que te sujeites
que estejas presente como já é!
(e sobretudo que não peças perdão).

sístole e diástole…
amar, verbo transitivo direto.

quarta-feira, 11 de março de 2015

segunda-feira, 2 de março de 2015

areia e pedras

enquanto espelham a imensidão do céu
teus olhos em vai e vem acariciam o particular
de todo e qualquer infinito natural

nesse momento imensas borboletas azuis
minúsculas frutinhas vermelhas
as águas marrons abundantes de chuva

nesse momento o tempo estanca, a fome espera
tuas pálpebras dobradas em lírios brancos
verdes se matizam, mormaço, veredas

mamãe te leva mais um brinco
passado, presente, cristalino, dourado
amarelo, teu nó na guia dela, ora yê, yê ô!

redescobres as plantas, o para que servem, beleza
qual criança, sorri de corpo inteiro
(nós três ridicularizando o futuro)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

choros (bis)

[da ordem do amor fati]

ainda mais além dois choros que se unem
violino e violoncelo, as cordas duplas ainda

em oferenda, meu asé, transmitido e revitalizado
assim no àiyé como no orun

da granadilha ao ilê, partilha
hoje chove, tudo chora, seremos três

duas semanas e um dia de viagem
no ponto cantado tem sempre bis

amar, sorrir, neologismar: trisal!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

choro nº 14

[da ordem das temperanças]

conclusão e síntese de um ciclo, completa e calculada cacofonia
clusters, vozes em quartos-de-tom, apoteose em rondó canônico
violino sustentando duas notas em cordas dobradas ao silêncio…

quatorze dias, quatorze anos, obrigação: minha pauta já é sua
egbomi, igbá, merindilogun, iká meji, amanõnú
(erinla merinla ekerinla)

número defectivo: fatores próprios um, dois e sete
calma e coragem para lapidar nosso amor prismático, em axioma:

não sejas como a palha diante do vento, nem como o vento diante da palha!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

choro nº 13

[da ordem das cicatrizes]

em cada banda da banda uma orquestra de apoio
um despejo, duas partituras extraviadas, algumas anotações
sincretismo: atonalidade clássica

a morte: sísifo com a pedra ao cume
mas se o tempo não é linear… rege a lua
início de um novo ciclo, transmutação

o filho abandonado de nanã, cuidado por yemanjá,
descoberto entre as frestas por oyá
que com ele dançou noite adentro: atotô obaluaiyê!

pipoca ali, aqui, pipoca além, desanoitece a manhã, tudo mudou!


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

choro nº 12

[da ordem das fortunas]

esquinado, estrela é lua nova
metais, elefante, teu flautim

conchas abertas: êjilaxeborá, justiça
(xangô com yemanjá)
amalá, egungun, e hoje o presente de yabá

duodecimal babilônico, múltiplo perfeito de três
alquimia: mercúrio, sal e enxofre em água, ar, fogo e terra

hum de jus
pendurado, cortar um doze em semitons
sacrifício em sacro-ofício, amar

dobrado o assombro, o mar é o mesmo: já ninguém o tema!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

choro nº 11

[da ordem das persuasões]

invenção contínua, dionisíaca, dissonante
anti-sinfonia lógica, concerto para piano e orquestra

odu ôwarin meji, oyá responde na caída
com influência de esu, fígado compartilhado

potência anímica, doma de leões, energia infinita
é deus no mundo e o diabo: imperfeição, transgressão, pecado

cabeça e rabo: a primeira capicua!

sábado, 31 de janeiro de 2015

choro nº 10

[da ordem das perfeições]

pedra bruta anuncia síntese sincrética, alteridade
troca de olhares, azulão da mata, meu duplo em ti
contrapontística onomatopéica: rasga coração!

a coda final de dez compassos
ebó de odu ôfun: leve tudo de ruim, ponha tudo no morim…

entre o não ser e o ser outro, o retorno à unidade
código binário puro, cópula, sincronicidade
na travessia choro, estupefato

rubra via-sacra do penar!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

choro nº 9

[da ordem dos sopros]

pio em orquestra
fúria, noves fora, mecânica
gravidez, orifícios, solidão, a primeira noite de sono

no centro da rosa dos ventos, oyá
suas chagas, qualidades, os céus a conduzir (meu pai)

um círculo completo, de cada lado do quadrado
a potenciação do três divino, amém

nove é quando o novo vem!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

choro nº 8

[da ordem dos círculos]

carnaval, choro da dança, confusão
caracaxá marcado, um piano preparado
primeiro cubo de um par

duplo quatro lapidado
lua espelha na lagoa escura, infinito
dia de oxum no mês que é meu

um presente histórico!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

choro nº 7

[da ordem do sagrado]

síntese das sínteses, setimino
um contínuo em zigue-zague
carro: cavalos, coroa e cetro.

o matrimônio mais-que-perfeito
a medida da coesão universal
um novo ciclo, odu ejé

promessa de felicidade em oitava superior!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

choro nº 6

[da ordem das harmonias]

última batuta, junto ao papagaio do moleque
trem, seresta, grande orquestra
auê: o equilíbrio antes da perfeição

fusas, semifusas, difusas, teus lábios sutis
teus olhos constritos, florestas
o dedilhar solo da memória que antecipa o gozo

metafísica: fatoração em três por dois!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

choro nº 5

[da ordem do caos]

cinco encontros, cinco dias de ausência, cinco choros
pode ser casamento, encantamento, trevas

em quinta dimensão, o tempo
espera é angústia e transferência

pentagrama: pauta, nossa composição
será quando espírito dominar matéria

razão do número de ouro!

domingo, 25 de janeiro de 2015

choro nº 4

[da ordem dos compassos]

três por quatro acento na terceira, plural
mais que o meio da hebdômada, três depois da epifania
imperativo, matéria pralém de nós: pontos, ventos, luas, estações

nosso quadrado construção harmônica, moradia a três
tríade aumentada que sustenta a casa (do mundo!)
um tetracorde pentatônico conduzindo à pausa...

quarto, de quatro, quartos!

sábado, 24 de janeiro de 2015

choro nº 3

[da ordem dos elementais]

caça-palavras: ofá, axé, ilê
três letras, acento

com graça deriva, pertence
mais três letras, ela em teu nome

nosso acordo geométrico
equilátero, perfeito

conjunto de quatro elementos!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

choro nº 2

[da ordem das orações]

véspera: lê os mistérios em voz alta
(cartografia cordial)

víscera: os olhos mareiam tautócronos
(futurologia alvina)

víspora: o canto dos números
(acorde de três sons)

amarração de nós, amém!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

choro nº 1

[da ordem das miudezas]

em oitava superior,
teus dedos espertos
tateiam nossas chaves

em escala precisa,
tua boca indizível
arpeja doce sorte

o som mais agudo!