terça-feira, 5 de dezembro de 2006

cinema mudo

Em frente de casa há uma locadora, na rua mora muita gente.
Lá tem televisão na vitrine, passa sempre um filme qualquer.
Um dos moradores da rua, toda noite, vai ao mini-cinema.
Carrega um sorriso largo, indisfarçado pela barba hirsuta.
Elegante, veste camisas floridas e penteia-se para a sessão.
Acompanha cada uma cena ao passo em que caminha miúdo.
Adivinha cada um diálogo enquanto movimenta o maxilar.
Seu saco fica ali no chão, esquecido para sempre àquela hora.

3 comentários:

Anônimo disse...

de saco vazio do silêncio
Febra

Anônimo disse...

Já pensou se amanhã ele chegasse e você lhe desse um saquinho de pipocas ?

hpg disse...

toda noite. já falei com o chico porteiro que trarei pipocas. sorriu, como sempre e acrescentou: ele vai gostar... esse beto!!! (a porta do elevador se fechando).