quarta-feira, 27 de setembro de 2006

arrendamento

Uma semana, um mês, alguns dias, a primeira quinzena: definitivamente o tempo não é linear...
Estas paragens aqui foram arrendadas de Ariovaldo, descendente de família de latifundiários mexicanos que em meados do século passado começaram a comercializar bebidas frutais. Era um antigo sítio herdado dos pais, que aportaram no Brasil com ele criança, depois que o avô materno vendeu a empresa e as terras próximas ao lago Texcoco para os Albarran, em 1978. A queda constante do preço da arroba bovina no mercado o fez desistir do confinamento, mudou-se para a cidade, onde acabou sendo eleito prefeito.

Conheço Ariovaldo desde sua chegada ao país e nossa amizade tem desafiado o tempo. Reencontramo-nos recentemente, após um quadriênio, através de um amigo comum, havia muito também não visto. Ele contou-me sua história recente e dos desafios de ser alcaide; bem como do abandono do sítio, no qual passáramos momentos felizes de nossa infância. Contei-lhe também de minha recente separação conjugal e da intenção de viver na roça novamente, apesar de minha alergia ao mato.
Resultado: aluguei este sítio onde hoje pasta minha memória.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou testemunha de que HPG não delira. Felicito-o pela iniciativa do sítio imaginário e convoco a todos que façam o mesmo. Abram as porteiras de sua fome imaginária, deixem pastar os bois da criatividade e ruminem tudo o que a vida lhes possa oferecer. Um mundo feito de sítios de plantas de poesia seguramente não mudará seu destino trágico, mas ao menos bons pastos de braquiárias líricas lhe darão. Sonhem, crianças.
Assinado, Ariovaldo, de fato vivo, embora aqui virtual.