quarta-feira, 12 de março de 2008

De vulgari eloquentia

A realidade é coisa delicada,
de se pegar com a ponta dos dedos.
Um gesto mais brutal, e pronto: o nada.
A qualquer hora pode advir o fim.
O mais terrível de todos os medos.

Mas felizmente, não é bem assim.
Há uma saída - falar, falar muito.
São as palavras que suportam o mundo,
não os ombros. Sem o "porquê", o "sim",

todos os ombros afundam juntos.
Basta uma boca aberta (ou um rabisco
num papel) para salvar o universo.
Portanto, meus amigos, eu insisto:
Falem sem parar . Mesmo sem assunto.

Paulo Henriques Britto, Macau

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