sexta-feira, 2 de março de 2007

da falta do novo, ou do excesso

Fim do dia, o menino parecia mais entendiado hoje do que sempre. Nenhum eletrônico estava bom; quiçá um almejado celular pudesse fazer algo por ele. Ainda não ganhara o seu, a despeito dos amigos aparelhados.

- Mamãe, eu não vou te falar porque você vai ficar brava.
- Pode falar filho, eu prefiro que você se abra comigo.
- Não, você não vai gostar do que eu tenho pra dizer.
- Mas filho, a mãe te ama, confia nela.
- Não, eu não vou conseguir...
Pausa, ambos procuram uma saída. A criança se sai com esta:
- Vamos fazer o seguinte, eu escrevo aqui num papel, você lê, mas não comenta, nunca!
- Tá bom filho, então escreve. Eu prometo não falar nada.
O menino entrega o bilhete dobradinho e desce para o jantar, conforme o combinado. A mãe, pensativa no quarto, lê em letras tremidas: "eu vou me suicidar".
Barulhos na escada, o filho apreensivo encontra a mãe sentada na cama:
- E aí, leu?
A mãe, fingindo naturalidade:
- Ora, eu prometi não comentar...

2 comentários:

Anônimo disse...

o capim devia ser "amiga histérica".

Anônimo disse...

isso é que é mãe